Crônica do Dia – Desconfiança – Por Whisner Fraga

a menina se desvia por um nada, quase não vê o mundo.
arrasta a mochila, que tromba com o pilar, com as pernas da, com,
reboca a mochila, pura terra, uma sujeira imaculada,
a menina me encontra entre cintilações,
os olhos constatam que somos flashes em meio a tanta tarde,
a menina me entrega um peso incomum,
mas piscamos e já somos dois apressados, só fome,
as árvores facilitam o caminho com seus galhos emplumados,
a carga aumenta a cada passo, as costas reclamam,
a menina ri,
a menina ri e avista um banco e a praça está vazia,
a fome pode se calar uns minutos,
a menina abre a mochila, escancara os dentes do zíper,
e lá dentro, menina,
paina e pedras,
a menina colhe o tenro e o sólido:
desconfia que somos isso.